"O amor é o ridículo da vida. A gente procura nele uma pureza impossível, uma pureza que está sempre se pondo. A vida veio e me levou com ela. Sorte é se abandonar e aceitar essa vaga ideia de paraiso que nos persegue, bonita e breve, como borboletas que só vivem 24 horas. Morrer não doi."


Cazuza

terça-feira, 8 de setembro de 2009

A gente não somos

Sou noiva desse nosso casamento falecido

noiva viúva, viuva de novo

ainda visto meu véu da imaginação pendurado

por um arco de prata perolado e cintilante


Sou mãe de dois filhos que nunca nasceram

dona de uma bela casa que não foi construída

sou vestígio de um amor não concebido

o aborto do nosso relacionamento assassinado


a gente não houve

a gente não foi

a gente não seria

a gente não somos'


Somos as flores de um jardim mal plantado

nós, que penamos e secamos na alegre luz do dia

somos um barco sempre a deriva, naufragado

afundando sob os corpos abandonados


Triste, manco, esquecido e desamparado

somos aquilo que não quis ser

nós poderíamos ter sido,

se não fossemos eu, se não fossemos você.

2 comentários:

Anônimo disse...

Bonito.

VampireV disse...

MARA. Mto bom, amei o blog. Beijocas!