"Os efeitos da pobreza são devastadores e afetam metade das crianças do mundo (mais de mil milhões): mata-as; impede-as de crescerem de forma saudável; potencia o aparecimento de doenças; tira-lhes o ensino; torna-as vítimas do tráfico humano e diminui a capacidade das famílias e das comunidades de se ocuparem dos seus filhos. O alerta é da UNICEF, que ontem apresentou o relatório de 2005. «Em cada três segundos, morre uma criança devido à pobreza», frisa o sociólogoBruto da Costa. Eis a realidade: uma em cada seis crianças sofre de fome; uma em cada sete não tem cuidados de saúde; uma em cada cinco está privada de água potável e uma em cada três não possui instalações sanitárias. Mais de 640 milhões vivem em habitações sobrelotadas e 300 milhões não têm acesso à televisão, rádio, telefone ou jornais; 121 milhões, a maioria meninas, não frequentam a escola primária. Outras são obrigadas a crescer rapidamente: 180 milhões trabalham nas piores condições; 1,2 milhões são vítimas de tráfico anualmente e dois milhões prostituem-se. Em 2003, a sida matou 500 mil crianças e 630 mil contraíram o vírus, aumentado para 2,1 milhões o número das pessoas com menos de 15 anos que têm o HIV. Os conflitos armados foram responsáveis pela morte de 1,6 milhões menores nos anos 90; 20 milhões deixaram as casas para fugir à guerra. As minas terrestres matam quatro mil crianças por ano."
"O amor é o ridículo da vida. A gente procura nele uma pureza impossível, uma pureza que está sempre se pondo. A vida veio e me levou com ela. Sorte é se abandonar e aceitar essa vaga ideia de paraiso que nos persegue, bonita e breve, como borboletas que só vivem 24 horas. Morrer não doi."
Cazuza
terça-feira, 18 de agosto de 2009
"Cada três segundos morre uma criança"
Shhh..
domingo, 16 de agosto de 2009
As palavras de um poeta
O que restaria de um poeta
se o sofrimento cessasse
e o amor se acabasse
seriam as palavras
Palavras tão ocas como um tronco vazio
tão vazias como um balbuciar cuspido
tão cuspidas como a monotonia da ignorância
tão monótonas quanto um abandonado navio
tão abandonadas como um corpo morto.
O que faz o poeta
quando o sofrimento cessa
e o amor se acaba?
Um corpo morto.
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
Sejam bem vindos dentro de mim!
Diferentes sensações
que vou provando uma por uma
provocando meus sentidos
aguçando meus ouvidos
atiçando as vontades
descobrindo meus desejos
sem problemas, sem problemas
Diferentes gostos
diferentes rostos
veja você também
diferentes cores e tons e formas
amarelo, verde, vermelho
cinza, azul, rosa e mel
sou bandeira, sou nação
preta e branca, eu sou índio
vermelha e verde, sou alemã
brasileira, americana, macumbeira
é corda bamba
eu fico toda
toda
toda
toda colorida
toda anil
eu sou toda azul anil
Venham ver as minhas cores!
Provem dos meus sabores!
Minas coloridas de ouro flutuante
na minha cabeça, tudo gira
gira mundo
gira cores
gira rodas
gira sois
não tem peso, nem remorso
eu sou toda diferente: tons e formas
sejam também
bem vindos a mim
entrem em mim
e provem de mim
tudo que quiserem
e puderem provar
Bem vindos!
domingo, 9 de agosto de 2009
Fogueira de Seu padre
Perdoe-me se peco
se faço de mim todo amor dessa vida
se quero para mim prazeres intermináveis.
Desculpe meus desejos mundanos,
minhas necessidades humanas,
minhas vontades viris,
se tenho em mim tesão, ambições e luxuria,
se pretendo viver intensamente cada orgasmo que me for concebido
Desculpe se burlo suas "leis divinas"
se possuo neste corpo uma alma pecaminosa.
Se procuro todo dia perder-me um pouco mais
esquecer de mim, esquecer de tudo e todos.
Desculpe-me se não sigo suas regras,
se para você sou bruxa.
Se não concordo que serás mais puro e
mais perto do teu deus
se eu me por a queimar na fogueira.
Mentindo e matando para se santificar.
Desculpe minha busca incessante pelo gozo
Minha alma travessa sempre a provocar
Desculpe se te provoco com minha inocência
se mostro para ti que o único corrompido aqui 'és tu'.
Você me ama e por isso me condena.
E essa vergonha você jamais esquecerá.
Mate-me se for preciso
Mas lembre-se que sou toda amor..
Que sofres junto comigo
e que sua boca vai assim queimar para sempre.
Sou tudo o que você sempre quis
sou o seu arder, o seu prazer
que vê queimar e portanto jamais terá.
Baseado em O Santo Inquérito e inspirada no personagem de Branca de Dias Gomes.
Negra deusa cadela
E naquele momento sórdido
o seu corpo jovial aclamava por sossego
e o seu suspiro de dor rodeou o sentimento ardente e tão escrupuloso do meu sentir
a honra se transformou num enorme sentimento de fraqueza a qual eu deveria de ter me envergonhado
a humilhação era clara em seus olhos escuros, não queria estar ali, não em vida
e o seu suor transbordava na imagem de seu
corpo negro, pobre e sofrido
O medo pairava no seu olhar profundo e assustado
seu corpo torturado oscilava por carinho e amor verdadeiro
não pude fazer nada para segurá-la em vida
ela atacou-se num grito de dor e prazer
misturado com o medo e a sorte de morrer
domingo, 2 de agosto de 2009
A vingança de Eros
Eros, seu covarde
como pôde fazer isso comigo?
Meu peito agora desadormecido arde
por servir o seu castigo!
Por que você se vinga?
Por que insiste nesse amor?
Esse corpo jovem agora mingua
em pensar em se decompor
Eros, eu lhe julgo os atos
sempre atirando em quem lhe convém
e é por isso que Tânatos
tantos trabalhos tem.
Eros: cupido; deus grego do amor
Tânatos: personificação da morte
Seus olhos azuis, verdes e vermelhos
Não te conheço e já me encanto
defeito meu por me apaixonar pela escuridão
você esta sempre aqui enquanto durmo acordada
sempre a me ver, me vigiar, me seguir, me olhar
Eu não sei o que meu corpo abriga
que me leva a você em cada esquina
meus olhos cintilantes pelorando em sua boca fria
do seu mantra congelado, morto e desarmado
Você nunca vai embora
nunca foi, e parece que nunca irá
seguindo cada olhar meu, cada respiração, cada piscar
e na penumbra dos meus pesadelos, você vai estar lá
Não há novidade em questão
já é tudo velho, tão acostumado como um sapato surrado
você já me vem com este olhar triste o qual não consigo encarar
e seus olhos azuis, verdes e vermelhos me abalam de uma só vez
Eu desisto, não quero mais resistir
já me entreguei aos fatos que esse ódio de ter ver assim
é amor traduzido, é desejo contido,
é você, sempre você dentro de mim
Samba da Aninha
La vem ela
Roda samba
roda bela
corda bamba
sua costura
seu andar
me embaraça
o balançar
Ana minha,
ana bela
anazinha
lá vem ela.
Adjetivante
É, é impossível.
Impossível, barulhento, maleável, irresistível, fácil, irrelevante, polemico, pornográfico, ruim, proibido, estranho, ilegal, esperado, angustiante, ansioso, bonito, sujo, nada utópico, indiscutível, normal, molestado, impensável, errado, bom, turbulento, incomum, desconhecido, conversável, possível, incansável, feio, secreto, pensavel, inevitável, silencioso, casual, pensado, imediato, correto, intacto, irresponsável, permitido, chocante, lindo, diferente, irreversível, errado, tenso, irrealizável, apreciável..
E é por tudo isso que parece fazer tanto sentido..
sábado, 1 de agosto de 2009
Ressaca dos amigos
Vem um, vem dois, vem mil.
Muito mais do que o esperado, vem quinhentos,
manadas furiosas cheias de hormonios em fúria prontos para destruir um lar de familia.
Vem um de cada vez, vem todos juntos, de uma vez só. Mas vem.
E em milesimos de segundos é uma festa,
uma bagunça, baderna, farra, loucura,
um "let's do it like they do on the Discovery Channel" ao vivo.
É de deixar tudo pelos ares, sorrisos, choros, barracos, beijos, abraços, amassos, fumantes, bebados, safados santos, santos safados, inofensivos, feras loucas, sim, tem de tudo.
É um auê até altas horas.
Os vizinhos se mudaram, a policia foi dormir..
Quando que de repente bate a hora, um por um se vai, mesmo que parecendo uma manada.
E vão indo, indo..
Nem que o sol já venha bater minha cara, o ultimo sempre acaba indo.
Até que este sorri aquele sorriso torto de culpa e se despede,
dando uma ultima olhada para o que foi antes um ambiente que se pudesse viver dentro.
E assim foi, um susto, um salto, um beijo, um orgasmo
Tão de momento, tão forte, intenso, turbulento para acabar assim tão rápido, tão nada, tão.. vazio
Por que não durou anos? Por que não enchem meu peito por todo os momentos?
Por que se vão? Por que sempre voltam?
"A gente se ve.. hehe"
E a porta se fecha, eu tranco com chave, olho para trás e me vem o vazio desértico.
Agora sou eu e todos os fantasmas do que foi uma alegria, do que foi uma euforia.
Eu, os fantasmas e eu mesma.
E nós ouvindo o zumbido do que foi uma música agitada.
Todos nós vendo as pegadas de um chão massacrado, pisoteado, ensopado, onde já se foi dançado sobre.
As comidas que não foram comidas esparramadas pelas mesas, cadeiras, pelo chão, banheiro, por todos os lugares.
Bebidas não terminadas, derramadas, pisadas.
Sofás sujos, banheiros em caos, luzes ainda sem cessar seu cansado piscar
E então foi isso, tudo o que sobrou, tudo o que sempre sobra.
Valsinha para o filho da puta
Poli, minha bela eu poli
Tico, o teco mandou avisar
Filho da banda de lá
Da queda
Puta virá