"O amor é o ridículo da vida. A gente procura nele uma pureza impossível, uma pureza que está sempre se pondo. A vida veio e me levou com ela. Sorte é se abandonar e aceitar essa vaga ideia de paraiso que nos persegue, bonita e breve, como borboletas que só vivem 24 horas. Morrer não doi."


Cazuza

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Crianças carvoeiras

É tudo cinza

não há outra cor, não há ar puro

Desde quando abrem os olhos

até a ultima que os fecha


Aquela pele rasgada e sofrida

a boca esboçando um sorriso

no rosto de uma criança sem infância

tingida de preto das cinzas

para uma fotografia


Os olhos fundos

sem desejos profundos

faltando objetivos mundanos que deveriam ter

as crianças que trabalham de sol a sol



Nascendo naquele meio

ele não poderia ter outros sonhos

se não ser o que ele é

por desconhecer o que ele não é


Com as mãos eternamente sujas de carvão

limpam os rostos imundos de terra

os pulmões cheio de cinzas

uma vida que começa e acaba cedo


novo demais

triste demais

cansado demais


Só uma criança, só um menino

que já cresceu cedo por instinto

que sente as dores de um velho franzino

com sonhos de alguém que simplesmente não acredita mais neles


"As lágrimas e o suor se misturam ao pó de carvão e formam uma máscara que cobre suas feições de menino."


"A palavra progresso não terá qualquer sentido quando houver crianças infelizes."

Albert Einstein


Um comentário:

Isabela disse...

Lindíssimo!